Universidades e Estagiários

Com a clareza da responsabilidade da proposta inclusiva do PGT, a oferta de estágio para estudantes de psicologia cumpre com a tarefa de alargar o campo de atividade e conhecimento para futuros profissionais.

Em se tratando de prática inovadora e consequente, o PGT, ao oferecer a possibilidade de estudantes atuarem junto a usuários de saúde mental no próprio local de trabalho, nos dispositivos de atendimento psicossocial e junto ao RH de empresas, convida novos e futuros psicólogos a participar da construção de novos paradigmas no atendimento a essa população, principalmente, no toca o exercício da cidadania por meio do trabalho formal.

Dessa forma, a cada dois anos, o PGT renova seu quadro de estagiários abrindo espaço para novos alunos que estejam cursando psicologia a partir do 6º período.


Embora o eixo teórico que orienta essa prática seja a psicanálise, não será exigido, à princípio, conhecimento prévio de qualquer “teoria”. O importante será a avaliação das razões e interesses para atuar no campo da saúde mental. 

Ao estagiário competirá:
-30 horas semanais;
-Relatórios diários sobre as atividades exercidas junto aos funcionários ( uma, ou duas vezes por semana – no máximo - durante duas horas/dia);
-Participação em grupo de estudo mensal junto à coordenação do PGT (aos sábados);
-Visitas aos dispositivos de saúde mental aos quais pertençam os participantes/funcionários do PGT para supervisão e/ou outros.
-Participação em eventos que envolvam apresentações formais do PGT;

À coordenação do PGT competirá.
-Supervisão semanal, à princípio, às quintas-feiras (mínimo de 4 horas – das 8:30 à 12:30hs).
-Orientação em grupo de estudo mensal.
-Oferecer remuneração, alimentação (nas lojas da empresa), passagens e seguro.

Caso você esteja interessado, basta se inscrever no site. Quando forem abertas novas vagas, você receberá e-mail para entrevista. Clique aqui para se inscrever


23 Estagiários

Estagiários PGT

Depoimentos




  • Entrei no PGT após a indicação de um amigo da faculdade que iria sair do estágio. O mesmo me deu informações mais técnicas, como horas de trabalho semanal, remuneração e etc..

    Tive meu primeiro contato com a Ana Cecilia por e-mail e recebi então o artigo que falava sobre o Projeto Gerência de Trabalho. Logo após, nos encontramos para a entrevista e eu entrei no estágio.

    Eu já havia trabalhado com saúde mental anteriormente quando estagiei num Hospital Psiquiátrico e o que era mais difícil pra mim, como estagiária, era não saber o que acontecia com os usuários quando eles saíssem da internação.

    Era uma clínica particular, então não funcionava como Hospital Dia e muitas vezes não sabíamos de nada, a não ser que o usuário voltasse para a internação. Quando conheci a equipe e todo o seu funcionamento dentro do Prezunic, pude entender o quanto aquele projeto era importante.

    Meu objetivo inicial era ouvir, observar e realizar um bom trabalho. Logo depois, meus objetivos mudaram para fazer diferença na realidade dos usuários do projeto. Hoje, meu objetivo é permanecer na saúde mental e, quem sabe um dia, colaborar novamente com o PGT.

    Para a minha formação, foi fundamental todas as supervisões, grupos de estudo, discussões, contato direto com os dispositivos de saúde mental e, principalmente, a relação com os usuários, foi muito enriquecedor.

    Para os usuários incluídos, os benefícios foram tantos que fica difícil enumerar. Pude ver um “ex-interno”, que ficou por volta de 15 anos internado numa instituição, conseguir alugar sua própria casa garantindo mais um passo em direção a sua independência e seu direito como cidadão.

    Em outro caso extremo, pudemos dar um enterro digno a um usuário - que se encontrava de férias do trabalho - após súbito falecimento. Ele foi encontrado já falecido em seu local de moradia e, por não ter família, foi encaminhado ao IML, para rapidamente ser encaminhado para enterro de “indigentes”.

    Pois, foi graças à rápida intervenção da coordenadora do PGT que pudemos resgatá-lo da “indigência” para trazê-lo para um enterro em cemitério, com velório assistido por outros funcionários da empresa. 

    Mylena Pizetta de Amorim (UVA)
  • Desde as aulas de saúde mental na faculdade sempre me interessei muito pelo campo, mas sempre tive muito medo também daquilo que designavam loucura. Se a psicose apresenta uma dificuldade em fazer laços e vínculos, como seria então trabalhar com essa população tão específica? Certamente este é um desafio que vira um objetivo quando surge a oportunidade de estagiar no PGT.

    Dentre outros desafios, gostaria de ressaltar a minha curiosidade pelo ambiente empresarial e em saber como funcionam as práticas sociais dentro do interesse privado. Sabendo da assinatura do TAC que a empresa fez com o PGT, que proporcionou para além de possibilidades legais para que a população usuária do serviço da Saúde Mental pudesse estar inserida no mercado de trabalho formal, uma maneira de entender o trabalho e a relação com a saúde, vi no PGT um lugar que poderia me proporcionar uma experiência única.

    Com a flexibilização da jornada de trabalho dos seus funcionários que o PGT preza, parecia que era possível aproximar os interesses do tratamento com os interesses da empresa. Em resumo, no princípio meus objetivos com o projeto eram me aproximar da população da saúde mental que desde sempre me cativara, estar num ambiente de empresa (em que se torna um grande desafio para mim dado as hierarquias que se impõe no dia-a-dia) e poder me relacionar com os dispositivos da Rede de Saúde Mental.

    Durante meu estágio no PGT tive o privilégio de acompanhar 11 usuários de locais completamente distintos (variando entre a zona oeste, zona norte e Niterói). No total, pude acompanhar semanalmente 13 usuários no seu local de trabalho e ver como cada loja tinha seu jeito de incluir cada um em deles. Com alguns, pude desenvolver uma estreita relação com o tratamento, indo a reuniões com a equipe e fazendo parte efetiva da rede de cuidado destes usuários. Eu acompanhava o efeito das medicações no dia a dia e havia espaço para conversar sobre isso com eles durante o trabalho, e essa era uma das minhas partes favoritas no lidar com eles.

    Em supervisão, discutíamos bastante sobre o encaminhamento que gostaríamos de dar aos casos e o formato de ouvir todos os colegas era preciosíssimo. No geral, considero ter alcançado mais do que os meus objetivos iniciais, pois o dia a dia indo para as lojas me ensinou a circular pelo Rio de Janeiro, me fez sentir engajada politicamente nas questões que circundavam as lojas e seus trabalhadores.

    Pude entender melhor os territórios e áreas do Rio, sentir na pele, pelos cheiros, pelo tato com as pessoas como a cidade ainda não é um lugar democrático e pude ver a importância disso. Considero este “circular pela cidade” um grande desafio e das mais importantes experiências que o PGT tem a oferecer enquanto estágio em Psicologia. Entender que psicologia não se faz apenas em consultórios com ar condicionado, mas na cidade, com transporte público, lidando com os problemas do dia a dia, com as instituições que fazem parte da existência de cada pessoa... foi um dos meus maiores aprendizados.

    Gabriela Cabral Paletta (UFF)
  • Entrei para o PGT em 2016 e, com tudo o que vivi até aqui, posso dizer, com segurança, que essa experiência com a saúde mental é renovadora.

    Ao longo do meu trajeto na faculdade de Psicologia, o que vi nas instituições públicas e estabelecimentos que se fazem disponíveis para receber estagiários de psicologia, o PGT contrasta de uma maneira muito contundente. Em meio a precariedade evidente de recursos e alternativas para os usuários e profissionais de saúde mental, o que sentia, e sinto até hoje, é que, de fato, o PGT é uma oportunidade única de trabalhar e não somente por ser pioneiro, mas por ser, de maneira tão efetiva, uma experiência "extra-muros", fora das instituições.

    Nessa corrida que é a jornada de trabalho no Rio de Janeiro, o acompanhamento dessas pessoas me ofereceu um gosto doce e amargo de ver a realidade da vida destes usuários de saúde mental, que em sua maioria viviam em estado extremamente precário, poder vê-los conquistar alguns de seus sonhos por terem conseguido um emprego e poder mante-lo.

    Pois, muito me emociona poder observar, por exemplo, um funcionário que acompanho, guardando seu dinheiro para tirar uma carteira de motorista e assim poder investir em seu primeiro carro aos 42 anos de idade... graças ao seu trabalho.

    A autora do projeto, Ana Cecília, se mostra sempre ávida e surpreendentemente disponível e focada em seu objetivo prioritário que é fazer com que essas pessoas tenham a justa condição para que mantenham seus emprego e por meio também do apoio oferecido pelos estagiários, esses que fazem o acompanhamento no próprio local de trabalho, além de participarem ativamente da articulação junto aos profissionais dos CAPS e de outras instituições às quais pertencem os usuários participantes do PGT.

    Pois a luta que vivemos hoje está longe de acabar, o sistema de saúde mental precisa de forças e o que temos no PGT é um bom exemplo de renovação, seriedade e resistência."

    ANTONIA REIS (UNESA)